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"Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas" (Confúcio)

 


Estou em crise nesse exato momento, senta na minha mesa de trabalho, sem poder esboçar reação, aliás, não sinto mais nem a adrenalina que senti a noite, o coração bater forte, a vontade de gritar, chorar, hoje tudo isso ficou no fundo do peito e parece que se transformou em vazio, aquele vazio perigoso.
Tenho medo quando esse vazio vem pq ele vem carregado de um cansaço emocional, uma sensação de "foda-se", uma ausência de medo, logo depois vem a vontade de preencher esse vazio com algo, uma ação desmedida, uma atitude egoísta. 
Eu sei quando tudo isso começou, eu sei quando eu comecei a perder o controle, sei quando tudo perdeu o sentido e tive essa sensação pela primeira vez, foi cruel e intenso, mas extremamente libertador, foi o começo de um novo caminho.
Hoje, toda semana é um recomeço, toda semana é uma crise, toda semana eu entro em reflexão sobre as coisas que quero, as coisas que meu parceiro quer, se isso se alinha comigo, com meus sonhos, se tudo que passei valeu a pena, se valerá a pena, isso desgasta, a alma entra desconstrução e reconstrução e toda vez, senti como se fosse quebrada e reconstruída.
Ando cansada para falar a verdade. Parece que minha voz não é ouvida, nem quando eu gritava eu sentia que o que expressava, ficava claro. Parece que no meu relacionamento tudo que eu estabeleço como meu limite, é usado para que eu me recolha a insignificância da minha existência e perceba que não adianta eu estabelecer limites, regras, contra pontos, isso não é levado em consideração, no final das contas.
Acabo sempre repensando novamente como vou me reconstruir. 
Será que eu sou exigente demais ou ele nasceu para ser sozinho realmente? 
Eu entro em um esforço de aprovação, pq recentemente ele comentou que meus altos e baixos não favoreciam para que ele pensasse em ter, se quer, um filho comigo. A culpa é minha ou as expectativas dele sobre mim foram frustradas? 
São muitas dúvidas e apenas uma certeza... quando estou caminhando para ficar bem, vem algo que tira minha estabilidade. 
Seria melhor eu ser instável sozinha mesmo? Acho que só assim eu não me machucaria tanto em relação ao sentimento de relação conjugal mais profundo que já senti.
Nem eu sei o que eu quero, até os textos ficam péssimos desse jeito. 
Antes eu escrevia com maestria e organizava sozinha o que sentia, nem isso consigo mais. 
Tiraram a minha capacidade de me curar sozinha e eu mesma sou a culpada. 
Ontem agi diferente, o que já é motivo de orgulho pra mim. 
Mas agiu como? em relação a quê? 
Eu tenho um filho de 8 anos, ele, uma filha de 6. Meu filho é agitado, comunicativo e faz tratamento para depressão, nunca foi poupado de nada. A filha dele, sentia que a relação dos pais não era das melhores em casa, quando eles separaram ouve o rompimento, mas ele se manteve presente, foi poupada de tudo, ontem pediu para ele ir na casa dela brincar com ele.
O que me incomodava era ele ficar lá, dias da semana, até tarde da noite, foi resolvido, tive que brigar por isso, ontem aconteceu novamente.
Ontem eu simplesmente desliguei o telefone quando ele disse que tinha ficado lá.
Ele chegou em casa e não quis conversar sobre, dormi bem e acordei cedo, mas com a garganta engasgada com tudo que minha mente queria jogar para ele. Mas eu falaria coisas sem nexo, apenas a raiva tomaria conta de mim, preferi me calar. 
Assisti, mais uma vez (já foram umas 5) o stand up do Daniel Sloss que fala sobre nosso quebra cabeças e entrei em profunda reflexão sobre minha auto estima, aceitar pouco mais de 30%, pq me amo apenas 20%, portanto, 30% já é muito. Certo? Não!
Mas devo analisar isso constantemente para que chegue um dia que eu tenha isso com tanta certeza, que não seja mais preciso refletir, quero que isso seja natural.
Eu o amo 100% do que ele é? Obvio que está claro que não... Dentro da infinidade de qualidades, existem defeitos que afetam diretamente a mim.
Ele me ligou antes de tomar a decisão de ir lá?
Precisava ele ligar?
A liberdade que ele quer dentro da relação ele precisa para se manter vivo.
Mas pq ele ir lá afeta diretamente a mim?
Pq ele vai cedendo aos poucos e saindo do nosso acordo. Isso não me agrada.
Ele volta aquela casa, que já morou, volta a entrar em um ambiente que não é mais dele.
Isso me incomoda pq? deveria incomodar a ele.
Não sinto raiva dele, apenas penso que ele não sabe tomar decisões e ter firmeza nas coisas que decide.
Mesmo que diga que quando fala, não volta atrás, dentro de si ele corrói o medo de ter tomado a decisão errada e volta sim atrás.
Engraçado como quem deveria se questionar era ele, mas nem isso quero saber.
Queria entrar em inércia e poder pausar tudo isso para reavaliar depois, será que consigo?
Replico frases de motivação todos os dias, mas sinto como se elas tivessem sido escritas por bipolares em fases de mania. kkkk 
Pq toda essa energia sai entre os dedos por causa de uma coisinha que não saiu como o esperado.
Como o esperado...
Significa que esperei algo ali, talvez uma atitude diferente dele, mas não tive êxito em pensar que seria diferente do que ocorreu.
O que difere isso de coisas maiores?
Será que espero demais dele?
O que o impede de agir assim perante outras questões?
Entro naquela vontade de agir sem pensar também, para me sentir menos pior.
Mas me sentiria menos pior agindo sem pensar?
Sócrates disse que a sabedoria começava da reflexão, mas eu só acredito na reflexão com uma conclusão. Dela é que vem o clarear das coisas. 
A minha escuridão é não ver a conclusão das coisas nesse momento. É não entender o curso desse caminho sinuoso e não conseguir resolver a dor que sinto ali naquele momento.
Conclusão: 
"Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos" (Confúcio)

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